Cultura Pernambucana

A cultura de Pernambuco é uma das culturas mais ativas, ricas e diversificadas do Brasil. Sua base é luso-brasileira, com influências africana, indígena, judaica e holandesa. Trata-se de uma cultura bastante particular e típica, mas extremamente variada, constituindo um dos pilares da cultura brasileira. Primeiro núcleo econômico do país, Pernambuco é uma área de povoamento muito antigo.

Origem

Em Pernambuco está a origem, remota ou recente, de diversos símbolos culturais do Brasil: a capoeira, considera-se, surgiu em fins do século XVI no Quilombo dos Palmares na então Capitania de Pernambuco, e espalhou-se por todo o território brasileiro, além de ter influenciado a dança do frevo; do coco, dança de roda pernambucana, deriva o samba de roda, que foi levado da Bahia para o Rio de Janeiro, dando origem ao samba moderno, e os primeiros registros da palavra “samba” ocorreram no Recife; os mais antigos relatos de carnaval no Brasil são de Pernambuco; a cachaça tem provável origem nos engenhos de açúcar pernambucanos, nos primórdios do Brasil Colônia; e são de Pernambuco os registros mais antigos da feijoada à brasileira, considerada o prato nacional do país.

Em Pernambuco surgiram o primeiro folguedo e o primeiro ritmo afro-brasileiros: a Congada e o Maracatu. Na foto, cortejo de Maracatu Nação em Olinda
Capoeiras, arte trazida pelos Africanos

literatura

Em Pernambuco surgiu o primeiro poema da literatura brasileira, Prosopopeia, de Bento Teixeira, que conta em estilo épico, inspirado em Camões, as façanhas da família Albuquerque, tendo sido dedicado ao então governador de Pernambuco, Jorge de Albuquerque Coelho. Prosopopeia foi publicado no ano de 1601.
Outro marco na literatura pernambucana é o livro Historia Naturalis Brasiliae, primeiro tratado de história natural do Brasil, de autoria do médico e naturalista holandês Guilherme Piso, que o concebeu através da observação do jardim zoobotânico do Palácio de Friburgo, residência de Maurício de Nassau durante o domínio holandês.
Já em fins do século XIX, duzentos e cinquenta anos depois de Historia Naturalis Brasiliae, o abolicionista pernambucano Joaquim Nabuco estava concluindo Minha Formação, obra clássica da literatura brasileira. Anos mais tarde é lido, na Semana de Arte Moderna (1922), o poema Os Sapos do recifense Manuel Bandeira, considerado o abre-alas do movimento. São também do século XX obras reverenciadas internacionalmente como Pedagogia do Oprimido (Paulo Freire), Casa-Grande & Senzala (Gilberto Freyre) e Morte e Vida Severina (João Cabral de Melo Neto).

Frontispício do Historia Naturalis Brasiliae, primeiro tratado de história natural do Brasil.

Música e dança

Maracatu Nação, também conhecido como “Maracatu de Baque Virado”, é uma manifestação folclórica pernambucana, tida como o primeiro ritmo afro-brasileiro. É formado por um conjunto musical percussivo que acompanha um cortejo real. Os grupos apresentam um espetáculo repleto de simbologias e marcado pela riqueza estética e pela musicalidade. O momento de maior destaque consiste na saída às ruas para desfiles e apresentações no período carnavalesco. O registro mais antigo que se tem sobre o Maracatu Nação data de 1711, mas o ano de sua origem é incerto. O que se sabe é que ele surgiu em Pernambuco e vem se transformando desde então. Um dos maracatus mais antigos é o Maracatu Elefante, fundado em 15 de novembro de 1800 no Recife pelo escravo Manuel Santiago após sua insurreição contra a direção do Maracatu Brilhante.
O Maracatu Rural, também referido como “Maracatu de Baque Solto”, é outra manifestação cultural de Pernambuco, na qual figuram os conhecidos “caboclos de lança”. Distingue-se do Maracatu Nação em organização, personagens e ritmo. O Maracatu “Cambinda Brasileira” é o mais antigo em atividade no país. O Maracatu Rural significa para seus integrantes algo a mais que uma brincadeira: é uma herança secular, motivo de muito orgulho e admiração. O cortejo do Maracatu Rural diferencia-se dos outros maracatus por suas características musicais próprias e pela essência de sua origem refletida no sincretismo de seus personagens.
O Coco, dança de roda e ritmo de origem remota, surgiu nos engenhos de açúcar da antiga Capitania de Pernambuco, com influências dos batuques africanos e dos bailados indígenas. A primeira referência que se tem sobre o Coco data da segunda metade do século XVIII.

O Frevo, um dos principais gêneros musicais e danças do estado e símbolo do Carnaval Recife–Olinda, se caracteriza pelo ritmo acelerado e pelos passos que lembram a capoeira, expressão cultural que tem em Pernambuco um de seus berços. Esse gênero já revelou e influenciou grandes músicos brasileiros. Antes da criação da axé music na década de 1980 o Frevo era utilizado também no Carnaval de Salvador. Em cerimônia realizada na cidade de Paris, França, no ano de 2012, a UNESCO anuncia que, aprovado com unanimidade pelos votantes, o Frevo foi eleito Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

Frevo, manifestação pernambucana declarada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.[31]
Maracatu, tradição Pernambucana
Maracatu de Baque Solto
Papangus
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